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  • M.V. Felipe Resende

Você se preocupa com o Bem-Estar do seu pet? Conhece o termo Enriquecimento Ambiental?


Arara tomando banho - Foto de Felipe Resende

Antes de falarmos sobre essa importante ferramenta chamada Enriquecimento Ambiental (EA) e como utilizá-la, precisamos conceituar uma nova ciência chamada Bem-Estar Animal (BEA), que tem como premissa o conhecimento, a avaliação e a garantia das condições que satisfaçam as necessidades básicas dos animais que estão convivendo diretamente sob domínio do homem.


Para tal entendimento de BEA e a importância da implementação de EA, precisamos discutir alguns conceitos e diretrizes básicas como a Senciência Animal, as 5 Liberdades, o Princípio dos 3 R's e a Posse Responsável, todos fundamentais para manutenção da saúde física e psicológica de seu pet.



SENCIÊNCIA ANIMAL


A senciência é a capacidade dos animais de sentirem dor, medo, prazer, alegria e estresse. Simplificando “Senciência é a capacidade de sentir do animal”. Sua relação com o Bem-Estar Animal está justamente na avaliação em relação ao estresse recebido pelo animal e sua capacidade de adaptação e superação. Ao se aceitar que os animais são capazes de sentir dor, medo, prazer... entendesse que o estresse capaz de prejudicar a saúde humana também pode ser considerado maléfico para os animais.


Com o avanço dos estudos e reconhecimento dessa capacidade nos animais, governantes, comunidade científica e tutores de diferentes países em todo o mundo vem buscando alternativas através da confecção de Leis e diretivas que resguardam os animais e reconheçam a responsabilidade do homem diante de problemas como: abandono de animais de companhia; criadores rurais que utilizam os animais para trabalho ou criação com fins alimentares; animais de zoológicos e circo, assim como, animais de vida livre que por ventura entre no espaço ocupado pelos humanos.


Na União Européia (EU), por reconhecimento dos animais como seres sencientes, juridicamente aceitam que um animal:


  • Tem consciência do que o rodeia e do ambiente em que vive e se encontra;

  • Tem consciência das emoções que se sente e que são relativas às sensações que vive;

  • Tem capacidade para aprender com experiências que viveu;

  • Tem consciência das sensações que sentem em seu próprio corpo, tais como dor, calor, fome e frio;

  • Tem consciência de suas relações com outros animais, incluindo o homem;

  • Tem a capacidade de distinguir e escolher entre diferentes objetos, animais e situações, o que mostra que compreende o que acontece em seu ambiente e distingue indivíduos.

Dessa forma, o reconhecimento dessas capacidades em um animal, tornasse prerrogativa a disponibilização e cuidado com o Bem-Estar Animal.


Mãe e filho de Muriquis - Foto de Felipe Resende


AS 5 LIBERDADES


Especialistas em Bem-Estar Animal do Conselho de Bem-Estar de Animais de Fazenda (Farm Animal Welfare Council) consideram que um conjunto de princípios essenciais nomeado de "as 5 Liberdades", deveriam regular as práticas agrícolas e outras onde há uso da exploração animal.


Liberdade Fisiológica: Ausência de fome e de sede;

Liberdade Ambiental: Edificações adaptadas as necessidades da espécie;

Liberdade Sanitária: Ausência de doenças e de injúrias;

Liberdade Comportamental: Possibilidade de expressar comportamentos naturais;

Liberdade Psicológica: Ausência de medo e de ansiedade.


Essas liberdades mostram que um animal, ao estar sob a guarda de uma pessoa deve ser respeitado e tratado de forma que não haja qualquer tipo de dor ou sofrimento.



POSSE RESPONSÁVEL


É de extrema importância e tem como foco a conscientização dos tutores e importância do controle da populacional dos animais. Segundo a Associação Humanitária de Proteção e Bem-estar Animal (ARCA) existem 10 princípios importantíssimos chamados de “Os 10 mandamentos da posse responsável” direcionado para cães e gatos, mas aqui, vamos adaptar e extrapolar para os animais selvagens (exóticos e silvestres) mantidos como pets:

  1. Antes de adquirir um animal, considere seu tempo médio de vida, existem espécies que duram mais de 50 anos (Papagaios e Jabutis por exemplo). Questione a família se todos estão de acordo, se há recursos necessários para mantê-los e verifique quem cuidará dele nas férias ou em feriados prolongados.

  2. Adote animais de abrigos públicos e privados, para animais silvestres, procure criatórios e pet shops que só comercializem animais legalizados. Não compre animal do tráfico. Não compre por impulso.

  3. Informe-se sobre as características e necessidades da espécie escolhida como, alimentação, manejo e ambiente. Algumas espécies silvestres por exemplo, necessitam de temperaturas controladas como roedores e coelhos, fontes de calor e umidade controlada como os répteis, uns necessitam de ambientes arborícolas com galhos de arvores, outros de ambientes semiaquáticos com terra e água para nadar.

  4. Mantenha seu animal sempre em segurança, jamais solto sem supervisão. Nos passeios sempre tenha cuidado com fugas ou projeções de ataque em direção a outros animais ou pessoas e sempre deve ser conduzido por quem possa contê-lo.

  5. Cuide da saúde física do animal. Forneça abrigo, alimento, vacinas e leve-o regularmente ao veterinário especializado. Mantenha a higiene ambiental e do animal, tente criar um ambiente para o animal se exercitar regularmente.

  6. Zele pela saúde psicológica do animal. Dê atenção, carinho e ambiente adequado a ele.

  7. Eduque seu animal, se necessário, por meio de adestramento ou condicionamento, mas sempre respeitando suas características biológicas.

  8. Recolha e jogue os dejetos em locais apropriados.

  9. É recomendável uma identificação permanente (micro chip) além das anilhas já muito utilizadas dentre as aves.

  10. Evite as crias indesejadas. A castração é a única medida definitiva no controle da procriação e não tem contraindicações. Muito indicado principalmente para roedores e coelhos que são animais muito prolíferos.

Esses 10 pontos nos mostram um passo-a-passo de como manter um animal, seus cuidados e principalmente uma forma de não gerar maus tratos a esses animais que estão sob a tutela de uma pessoa.



PRINCÍPIO DOS 3 R’s


Os 3R's são usualmente direcionados para animais usados em pesquisas cientificas e tem como premissa a conscientização dos pesquisadores quanto a utilização dos animais de forma ética e humanitária, sempre visando o Bem-Estar Aanimal, são eles:


Reduction ou Redução: determina a redução do número de animais utilizados na pesquisa, geralmente utilizam-se metodologias e cálculos bioestatísticos para sugerir a quantidade mínima de animais necessária para que a pesquisa tenha relevância e importância científica, garantindo que não se repita. Outra maneira também é a utilização de animais transgênicos ex: utilização de animais que tenham a capacidade de desenvolver certo tipo de câncer para o estudo direcionado desse tipo de doença... ;


Replacement ou Substituição: determina a substituição de animais por métodos alternativos ao uso dos animais. Um exemplo bastante interessante e que vem sendo utilizado com frequência principalmente em instituições de ensino, seria a filmagem de determinados procedimentos que necessitam de manejo do animal, com isso, utiliza-se o animal apenas uma vez e o treinamento dos estudantes se faz a partir da exibição desse vídeo; Outra alternativa já empregada também é a utilização de modelos animais de silicone para treinamento de contenção, coleta de material biológico e aplicação de fármacos, onde esses modelos são utilizados ao invés de animais.


Refinament ou Refinamento: determina o melhoramento dos protocolos experimentais de forma a diminuir ou extinguir a dor ou sofrimento do animal. Está intimamente relacionado ao aperfeiçoamento e qualificação do profissional que irá manipular o animal, um profissional bem treinado e qualificado diminui os riscos de acidentes e aplica de forma adequada os protocolos experimentais, causando menor ou nenhum sofrimento ao animal.


Esses princípios tem como finalidade a substituição dos animais por outros métodos, no entanto, apesar de muitos métodos alternativos já estarem disponíveis, existem muitos protocolos que ainda não se provaram capazes de serem substitutos, com isso, os animais ainda precisam ser utilizados, mas agora com regras e princípios voltados a garantia da saúde e bem-estar desses animais.


Cuidados com o camundongo - Foto de Speaking of Reserach


ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

Após essa breve reflexão sobre senciência animal, as 5 liberdades, posse responsável e o princípio dos 3 R's. Todos claramente direcionados em promover o saúde, bem-estar para os animais e harmonia no convívio entre homem e animais. Apresentaremos o Enriquecimento Ambiental e como utilizar essa ferramenta de forma inteligente, melhorando o estado físico e psicológico de forma harmoniosa para o seu amigo selvagem.

O Enriquecimento Ambiental é uma ferramenta muito utilizada desde sua criação, por zoológicos, centros de criação e manutenção tentando minimizar os efeitos negativos do cativeiro sobre os animais do plantel.

Ao longo dos anos o Enriquecimento Ambiental vem ganhando força e se tornando uma das principais ferramentas para o desenvolvimento de um ambiente rico, que proporcione aos animais, interatividade, percepção, adaptação, vivência, expressão do comportamento natural e sensações que só poderiam ter em seu ambiente natural.

O Enriquecimento Ambiental trabalha com cinco métodos classificados como:

Alimentar: promove variações na alimentação dos animais, trazendo certa dificuldade para obterem o alimento;

Social: permite o convívio com outros animais com os quais normalmente conviveriam, podendo ser da mesma espécie ou não;

Cognitivo: busca despertar a capacidade cognitiva dos animais, ou seja, despertar sua capacidade intelectual, sua inteligência;

Sensorial: explora um ou mais sentidos dos animais, olfato, visão, audição, paladar e tato;

Físico: procura deixar os recintos mais semelhantes ao habitat natural.

O Enriquecimento Ambiental basicamente consiste em uma série de modificações no ambiente físico e social, melhorando a qualidade de vida dos animais por contemplar suas necessidades comportamentais. Procura ampliar a qualidade de vida dos animais em cativeiro por meio da identificação e fornecimento de estímulos ambientais necessários para alcançar o bem-estar psicológico e fisiológico, estimulando comportamentos típicos da espécie, reduzindo estresse e tornando o ambiente cativo mais complexo e diverso.

Alguns benefícios do Enriquecimento Ambiental é a redução do estresse, a diminuição de distúrbios comportamentais, redução de intervenções clínicas, diminuição da mortalidade e aumento de taxas reprodutivas.

Seguem abaixo fotos de alguns exemplos de Enriquecimento Ambiental.

Enriquecimento para Camundongos - Foto de Pet Mais Feliz
Enriquecimento para Camundongos - Foto de NC3Rs
Enriquecimento para Coelhos - Foto de Jessica Best Friends Save Then All
Enriquecimento para Arara - Foto de Lara Joseph

Enriquecimento para Jabutis - Foto de Cesar Santos
Enriquecimento para Primatas - Wisconsin National Primate Research Center

CONCLUSÃO

Nesse artigo pudemos discutir um pouco sobre o Bem-Estar Animal, sua importância e pontos importantes para seu entendimento e sua promoção, como a senciência animal, as 5 liberdades, a posse responsável, o princípio dos 3 R´s e por fim, o enriquecimento ambiental, todos fundamentais para manutenção da saúde física e psicológica de seu amigo selvagem.

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Um forte abraço a todos!

M.V. Felipe Resende

Sites relacionados com o tema abordado no artigo:

UFAW: https://www.ufaw.org.uk

WAZA: http://www.waza.org

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